*por Larissa Oliveira Duarte e Larissa Orlow
Uma das formas pelas quais as empresas buscam o desenvolvimento da inovação é por meio do estabelecimento de redes [1; 2]. Ao mesmo tempo, o mercado pede por profissionais dinâmicos, prontos para inovar e que aceitem e integrem a complexidade de novos formatos produtivos, de fornecimento e logística. Neste sentido, as empresas demandam considerar e visualizar a organização como um todo, juntamente com os demais atores envolvidos, sejam eles fornecedores, prestadores de serviço, investidores, hubs, universidades, órgãos financeiros, aceleradoras, start-ups, ONGs, etc.
O objetivo da abordagem de ecossistema é esclarecer o mecanismo das relações de multiatores para co-criação e distribuição de valor. Desta forma, uma estrutura sistêmica e complexa, organizada em termos de propósito, pode explicar como as empresas competem e colaboram; e permitir mapear explicitamente os atores no espaço de decisão, acompanhando como os atores se relacionam entre si. O que reflete também na sustentabilidade e resiliência como um todo.
O que é ecossistema de inovação
A terminologia ecossistêmica, além do conceito natural, foi inicialmente utilizada por Frosch e Gallopoulos [3], como uma analogia aos sistemas industriais, atribuindo sustentabilidade. Moore [4] trouxe o termo para o contexto dos negócios. Para Teece [5], o ecossistema representa o ambiente que a empresa deve monitorar e interagir, o que afeta suas capacidades dinâmicas e, portanto, sua capacidade de construir vantagem competitiva sustentável. Ele é formado por um conjunto de elementos, como liderança, cultura, mercado de capitais, combinados de formas complexas que podem reduzir custos de transação, permitindo ganho de conhecimento e facilitando o acesso a novas tecnologias e inovações, reduzindo riscos e incertezas. Qualquer ecossistema, seja uma forma natural ou um ecossistema empreendedor, se comporta de forma dinâmica, apresenta diversidade e capacidade de aprender [6].
Ecossistema de inovação no contexto da moda sustentável
A visualização do ecossistema possibilita que os atores visualizem o “não visto” e identifiquem possibilidade de novas relações e solução de desafios através de parcerias diversas. A visualização ajuda os humanos a superar suas limitações cognitivas e tornar a estrutura, os padrões, os relacionamentos e os temas aparentes a partir dos dados subjacentes [7], como mostra a figura a seguir.
Neste sentido, a start-up Confio, atua no setor de organização empresarial, prestando consultoria de inovação e utilizando para isso os conceitos de ecossistema de inovação, para motivar a sustentabilidade e a transparência. Um dos trabalhos realizados foi com a incubadora de artesãs Memória de Agulha, que atua no setor da moda sustentável e tem como propósito valorizar o aprender, ensinar, produzir e comercializar das artesanias feitas com agulha, contando as tradições da cultura mineira com produtos inovadores. E integrando as mulheres e os ofícios.
O trabalho permitiu a visualização panorâmica da empresa, o que faz ampliar a noção do trabalho coletivo. O desenvolvimento de startups e a expansão de sua capacidade de inovação dependem notavelmente da formação de um contexto apropriado. A visualização facilita o processo de pensamento criativo e oferece uma maneira única de comunicar fenômenos complexos [9]. Além disso, construir um modelo comum também mostra a importância dos planos e roteiros para ação coletiva [10].
Larissa Oliveira Duarte é designer e pesquisadora. Co-fundadora das start-ups CONFIO e Jurema.
Larissa Orlow é educadora. Formada em Campo Energético Constelar. Co-fundadora das start-ups Confio e Mantum.
- Bibliografia
- Vitoreli, M. C., & Gobbo Junior, J. A. (2013). O papel das redes de transformação no processo de inovação: estudos de caso sobre a descoberta e a comercialização da inovação. Production, 23(4), 723-734. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-65132012005000096
- Belso-Martinez, J. A., & Diez-Vial, I. (2018). Firm’s strategic choices and network knowledge dynamics: how do they affect innovation? Journal of Knowledge Management. doi: 10.1108/jkm-12-2016-0524
- Frosch, R. A., & Gallopoulos, N. E. (1989). Strategies for manufacturing. Scientific American, 261(3), 144-153.
- Moore, J. F. (1993). Predators and prey: a new ecology of competition. Harvard business review, 71(3), 75-86.
- Teece, D. J. (2007). Explicating dynamic capabilities: the nature and microfoundations of (sustainable) enterprise performance. Strategic management journal, 28(13), 1319-1350. https://doi.org/10.1002/smj.640
- Kuckertz, A. (2019). Let’s take the entrepreneurial ecosystem metaphor seriously!. Journal of Business Venturing Insights, 11, e00124. http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3422074
- Huhtamäki, J., & Rubens, N. (2016, January). Exploring innovation ecosystems as networks: Four european cases. In 2016 49th Hawaii International Conference on System Sciences (HICSS)(pp. 4505-4514). doi:10.1109/hicss.2016.560
- Deloitte (2020) Ecosystems Can Inspire Innovation, Lower Risk. Acessado em 18Ago2020. Disponível em: https://deloitte.wsj.com/cio/2019/08/21/ecosystems-can-inspire-innovation-lower-risk/
- Basole, R. C. (2009). Visualization of interfirm relations in a converging mobile ecosystem. Journal of information Technology, 24(2), 144-159. doi: 10.1109/icmb.2008.32
- Gomes, L., V., A., Facin, A. L. F., Salerno, M. S., & Ikenami, R. K. (2018). Unpacking the innovation ecosystem construct: Evolution, gaps and trends. Technological Forecasting and Social Change, 136, 30-48. doi: 10.1016/j.techfore.2016.11.009
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