BEFW 5ª edição — Na Brasil Eco Fashion, plataforma de moda sustentável, figuras proeminentes emergem para discutir moda em seus vários aspectos. Neste painel da semana de moda Brasil Eco Fashion Week, os criativos Day Molina e Sioduhi, representantes dos povos originários, participam de uma conversa com suas perspectivas sobre o setor. A mediação é de Jackson Araújo, comunicólogo e ativista da moda.
Sioduhi delineia sua jornada a partir de Piratapuya (gente peixe) do Território Indígena do Alto Rio Negro, São Gabriel da Cachoeira, Amazonas. Desde o início, almejava empoderar comunidades indígenas por meio da moda. A conversa ressalta o trabalho do design como expressão cultural e ativismo, superando obstáculos.
Dayana Molina, descendente das etnias fulni-ô e aymará, conta que sua bisavó era costureira em Pernambuco e ficou viúva muito cedo, mas criou os filhos por meio da costura. A sua própria jornada, como Day Molina teve início aos 19 anos, estudando moda na Argentina e começou a trabalhar com diretores de arte e produtoras de moda. Quando retornou ao Brasil, já estava inserida no mercado, realizando editoriais e colaborando com várias marcas. No entanto, a vontade era de criar sua marca autoral.
Ela fundou a Nalimo, que apresenta sua conexão entre moda, sustentabilidade e consciência política. A marca explora a implementação de uma moda sustentável, incorporando materiais certificados e eco-friendly em suas criações. Além disso, a estilista amplifica e destaca a importância de transmitir mensagens impactantes através do design e da moda, enfatizando a defesa da floresta amazônica e a sensibilização quanto à crise climática. Dayana Molina tem como perspectiva que a moda pode ser um instrumento poderoso de mudanças sociais e culturais.
Sioduhi revela que descobriu sua paixão pela moda no Alto Rio Negro. Ele viveu na aldeia até os seis anos. A trajetória de Dai no Alto Rio Negro é marcada por inspiração familiar e desafios culturais. Influenciada por seus tios (ele, alfaiate e ela, costureira) sua paixão pela moda nasceu cedo. No entanto, a colonização e catequização dificultaram o reconhecimento da moda como profissão. Por isso, entrou na faculdade de administração e trabalhou na saúde indígena, mas sempre sentindo a necessidade de compartilhar conhecimento.
Ao longo do tempo, o caminho de Sioduhi o levou à busca pelo ativismo e representação indígena na indústria da moda, enxergando a moda como uma plataforma de transformação cultural e planetária.
Day Molina apresenta imagens capturadas por colaborações fotográficas, que exploram a simbiose entre a moda e a natureza. As imagens destacam a participação de figuras dos povos originários como modelos, protagonizando desfiles e coleções. Para Day Molina, isso espelha a resistência e a força inerentes às suas identidades. Ela comenta da escola de moda para capacitar fotógrafos, produtos, maquiadores, entre outras oportunidade de atuar na moda: Aldeia criativa – Aldeia do futuro.
O enfoque é desviado para apresentar uma produção com o tema Amazônia realizada para a National Geographic. E Sidouhi destaca que todos falam do bioma sem falar das pessoas das pessoas que cuidam para manter a floresta em pé e que estão produzindo Economia Criativa. Por isso, ele apresenta uma túnica em cortes da feita com tecido emborrachado com algodão denominado Magnetic. Uma tecnologia desenvolvida por ribeirinhos no Pará.
Em resumo, o tópico central do painel é reforçar a autenticidade da moda brasileira e a presença viva dos povos indígenas. A moda é contemplada como um instrumento destinado a preservar a natureza, reverenciando os pensamentos inovadores dos designers de futuras gerações, que tanto honram as identidades quanto trabalham para manter as florestas intocadas, enquanto desafiam normas eurocêntricas e fortalecem suas próprias narrativas.
Em um cenário marcado por desafios ecológicos e sociais, essas vozes vibrantes ressoam como um chamado à ação, convocando a todos a reconhecer a moda como uma ferramenta de transformação.
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