5ª edição BEFW – Com a crescente preocupação ambiental e a iminente escassez do petróleo, este painel destacou a importância da inovação, colaboração e responsabilidade ambiental na indústria têxtil. A conversa conduzida por Gabriela Machado, curadora de conteúdos do evento e jornalista especializada em moda e sustentabilidade apresentou Débora Meyer, representante da inovadora empresa têxtil Castanhal, Hannes Schoenegger da Quwstion e Bananatex, e Juha Salmela da Spinnova. O objetivo do encontro é falar sobre materiais alternativos ao petróleo, buscando regenerar os sistemas naturais e diminuir o impacto ambiental.
Débora Meyer apresenta a Castanhal, que produz tecidos de juta no Brasil há 55 anos, destacando a versatilidade e a sustentabilidade da fibra. A uta é biodegradável e versátil, apresentando potencial de crescimento futuro. A empresa é a maior fabricante de produtos de juta no Brasil, com três unidades produtivas, com fábricas localizadas no Pará e no Amazonas, onde a fibra de juta é processada até que seja enviada para a filial em São Paulo, onde estão as atividades comerciais.
A empresa Castanhal oferece uma variedade de produtos, desde sacarias a itens de moda, decoração e artesanato, com projetos inovadores em colaboração com parceiros. A juta destaca-se por sua alta capacidade de absorção de umidade, fundamental para o agronegócio, como cafés especiais, onde contribui para a qualidade do café, e para produtos de moda que requerem conforto térmico.
O próximo palestrante, Juha Salmela, co-fundador da empresa têxtil Spinnova, líder em tecnologia inovadora de fibras de celulose, enfatiza as propriedades da celulose e, sobretudo, a inovação no processo que levou duas décadas. Como o uso de viscose exige uso de solventes químicos, a Spinnova desenvolveu um material chamado MFC (celulose microfibrilada). Esse material, semelhante ao usado por aranhas na confecção de teias, é o que compõe as fibras, sem tratamento químico.
A Bananatex descreveu um tecido inovador feito a partir das fibras da planta Abacá, comumente chamada de banana hemp. A planta requer pouca água, nenhum pesticida e nenhum fertilizante para crescer. Ela gera fibras fortes e duráveis adequadas para diversas aplicações, como bolsas, sapatos e roupas de cama. Fundada pela empresa suíça de bolsas QWSTION, em colaboração com especialistas em Taiwan e agricultores nas Filipinas, a Bananatex oferece uma alternativa sustentável aos tecidos sintéticos comumente usados em bolsas e acessórios. Atualmente está também desenvolvendo móveis em parcerias com outras empresas.
Gabriela perguntou sobre a relação das empresas com as economias locais e a regeneração desses recursos naturais, levando em consideração a matéria-prima utilizada na elaboração. Débora comentou sobre o beneficiamento feito pelas comunidades amazônicas relacionadas ao cultivo da juta. A Castanhal trabalha com as comunidades nos estados do Amazonas e do Pará. Milhares de famílias ribeirinhas estão cadastradas, recebendo sementes de juta da Castanhal para cultivo. Cada quilo de semente gera cerca de 80 kg de fibra. As famílias devolvem 5 kg para a Castanhal e podem comercializar os outros 75 kg. O compromisso é garantir a compra da fibra de volta. A Castanhal oferece suporte, preço mínimo e parceria com o Governo do Estado.
Hannes, da Spinnova falou sobre esses processos nas Filipinas. E Juha da Bananatex ressalta a produção como solução renovável e autossustentável por ser tecido durável e versátil e também biodegradável, contribuindo para uma indústria têxtil mais circular e ambientalmente amigável.
A próxima parte do texto foca em questões relacionadas às fibras e sua relação com as economias locais e a regeneração de recursos naturais. Débora explica o beneficiamento das comunidades amazônicas no cultivo da juta nos estados do Amazonas e Pará. A empresa fornece sementes e apoio técnico, e as famílias devolvem uma parte da fibra produzida.
Hannes compartilha informações sobre processos nas Filipinas e a relação com o parceiro Suzano para o manejo da matéria-prima de eucalipto. Ele comenta que o Abacá é robusto e autossuficiente, não exigindo pesticidas ou água extra. As propriedades inerentes alinham-se ao compromisso com a sustentabilidade ambiental, econômica e social. Ele resume que estas qualidades permitiram o reflorestamento em áreas das Filipinas destruídas por plantações de palmeiras, ao mesmo tempo em que aumentou a prosperidade econômica de seus agricultores.
O encontro evidenciou a complexidade de adaptar maquinários e processos para receber essas inovações de fibras. No entanto, os palestrantes ressaltaram a busca incansável por soluções sustentáveis e a inovação contínua que é a espinha dorsal da indústria têxtil do futuro. O painel, assim, serviu como um catalisador para a revolução da moda sustentável, onde cada fio traça o mapa de um amanhã mais ético e ecológico.
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