Por Luiza Tamashiro*
A moda sustentável pode e deve reverberar boas práticas e transformar realidades a favor da inclusão social e do meio ambiente. É preciso discutir as perguntas que precisamos fazer e as ações que precisamos tomar, através desse despertar da consciência.
O trabalho na moda tem que ser focado nas pessoas. Capacitar e treinar profissionais nacionais com o olhar não para a inclusão e, sim, para a integração, com foco em dar autonomia para as pessoas com deficiência, mobilidade reduzida, pessoas gordas e idosos, resultando em mão de obra qualificada para desenvolver as atividades pertinentes e com remuneração justa para todos os setores da cadeia (socialmente justo) e um preço acessível para o consumidor final (economicamente viável).
Moda Plural e Design Universal
Moda Plural é a desconstrução da padronização dos corpos e do ideal de beleza. E tem como objetivo mostrar o quanto a raiz estrutural é a questão e o quanto os movimentos: preto, LGBTQIA+, plus size se conversam com o movimento das pessoas com deficiência. Levando em consideração as necessidades físicas, sensoriais, auditivas e olhando de uma forma ampla para a pluralidade de corpos, sem abrir mão da autonomia, do conforto, do design e do estilo, proposta inserida dentro do que chamamos Design Universal.
Design Universal ou Design Inclusivo, que significa “design que inclui” e “design para todos”, é focado nas pessoas, voltado para a criação de produtos, serviços e ambientes para que atendam o maior número de pessoas possível independente de idade, habilidade ou condição.
E visa oferecer praticidade, conforto, autonomia e estilo a quem usa. Inclui a possibilidade de comprar a roupa desejada, independente da condição física, sensorial ou auditiva e usá-la sem a necessidade de fazer adaptações posteriores. E também empodera e eleva a autoestima. Essas ideias se identificam com a proposta do Slow Fashion.
Agenda Positiva
O Slow Fashion preza pelos conceitos de “menos é mais” e “qualidade em vez de quantidade”. É o caminho de volta à essência e também a um comunicar mais prático, mais leve e direto. Afinal, não é porque é prático que quer dizer que tem que ser raso ou feio. Precisamos dessa soma e equilíbrio, em forma de produtos e serviços que cumprem seus propósitos de atender as pessoas independente de idade, habilidade ou condição. Slow Fashion é ir um passo de cada vez e resumem bem as pesquisas de design universal focadas nas pessoas.
O principal exercício que precisa ser colocado em prática é a mudança de mentalidade, pois é preciso entender que as incapacidades das pessoas com deficiência são projetadas, ou seja: trata-se de uma limitação do ambiente, dos objetos e dos produtos à disposição das pessoas. É preciso ter consciência que as pessoas com deficiência são consumidoras e uma grande parcela de um potencial público que não consomem por falta de acesso e isso também para as pessoas idosas e pessoas gordas.
O primeiro passo para fazer uma coleção de moda sustentável, plural e slow fashion com o uso do design universal, é ouvir as pessoas com deficiência, pessoas gordas e pessoas idosas. Ao entendê-las, começamos a criar e projetar produtos a partir da perspectiva delas. E com isso, boa parte das alternativas criadas surgem de mudanças criativas e simples de elementos que já estavam presentes nas roupas, mas que ganham novas funcionalidades através do olhar para inclusão. A Acessibilidade deve ser a evolução da Sustentabilidade!
As marcas têm que estar abertas a essas novas evoluções para colocar como práticas de sua agenda positiva. Aprender com profissionais e com a pluralidade de pessoas engajadas nas causas para construir discursos e práticas verdadeiras e transparentes. As marcas que tratarem esses temas com superficialidade estão fadadas ao fracasso de suas ações.
Construção em rede: de pessoas para pessoas
Afinal se todo lixo é um erro de design, começar a exercitar o olhar para projetar produtos e serviços unindo a acessibilidade, integração e sustentabilidade é o melhor caminho para se combater a produção de produtos descartáveis.
Acessibilidade e Integração é como um novo hábito que precisa ser praticado até ser integrado ao processo.
Sustentabilidade é sobre pessoas. Não estaremos discutindo sustentabilidade enquanto não integrarmos à todos, todes e todas com equidade!
Para conhecer mais, acompanhe o ReLAB Criativo. Somos uma rede que conecta pessoas com foco nas relações do campo do design, sustentabilidade e a universalização da acessibilidade. Realizamos laboratórios e oferecemos consultorias, treinamentos e workshops.
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